segunda-feira, 9 de novembro de 2009

FAMÍLIA
Pais são fundamentais na educação dos filhos
Sem perceber, as mulheres podem desencorajar o parceiro a participar da educação e do dia-a-dia dos filhos
A norte-americana Melissa Calapini ficava irritada quando sua filhinha Haley, de 3 anos, ficava com o pai enquanto ele consertava seu carro. Melissa achava que havia coisas mais produtivas para uma menina fazer. Mas, desde o dia em que o casal participou de um curso para pais, ela mudou de opinião. Agora, Melissa incentiva a conversa do marido com a filha sobre carros.
"O tempo que ele tem para ficar com a filha é quando está consertando os carros", diz Melissa. "Ele tem seu jeito próprio de se comunicar com ela. Não tem problema".

Apesar de as mães desejarem que seus parceiros se envolvam com seus filhos, especialistas dizem que elas, sem querer, costumam desencorajar os homens. "Como a maternidade é o reino das mães, algumas mulheres controlam excessivamente os pais e esperam que eles façam as coisas do jeito delas", explica Marsha Kline Pruett, autora do livro "Criação de filhos em parceria".

Entretanto, de acordo com os especialistas, é fundamental o apoio das mães para um envolvimento maior do pai com a criança, mesmo quando o casal é divorciado.

"Nos últimos 20 anos, todo mundo está falando sobre a importância do envolvimento dos pais", disse Sara McLanaham, professora de sociologia na Universidade Princeton. "Mas, agora, a ideia é que quanto melhor o casal se relaciona, melhor para a criança", ressalta.

Família frágil
A professora Sara McLanaham coordenou um estudo sobre famílias frágeis e bem-estar infantil, na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.

A pesquisa descobriu que a harmonia do casal é fundamental no envolvimento do pai com os filhos. "Quando os casais têm índices mais altos de comportamentos positivos, como manifestações de afeto ou carinho, incentivo ao parceiro nas coisas importantes e a não utilização de insultos e críticas, os pais têm mais chances de cativar os filhos", diz.
Preconceito
Os pais pouco presentes na educação dos filhos são acusados de ser negligentes. Mas as pesquisas mostram que ainda existem muitos obstáculos sociais contra a presença dos homens na educação dos filhos.

Apesar de cada vez mais os pais estarem trocando fraldas, deixando os filhos na escola e ensinando-os a jogar futebol, eles geralmente são desconsiderados pela sociedade.

“Geralmente, quando um pai vai buscar o filho na escola, a professora pergunta pela mãe. Nos consultórios de atendimento às famílias, as salas de espera têm revistas femininas e os arquivos têm o nome da mãe”, lembra o professor de psicologia Philip Cowan, que conduziu décadas de pesquisas sobre a família. “É como se os pais não existissem”, diz.
Harmonia do casal
Os especialistas recomendam que os pais conversem sobre a educação dos filhos e se esforcem para aproveitar as habilidades de cada um.

O grande problema é que, em muitos casais, cada parceiro acha que é o único que tem razão: a mãe pode acusar o pai de deixar o filho ver muita TV, enquanto ele pode dizer que ela não é rígida o bastante na disciplina.

“Em vez das acusações, eles deveriam questionar como cada um pode ser um pai melhor”, diz o professor Philip Cowan.

Ele alerta que os pais não devem se preocupar apenas com as crianças.

“Se o casal cuidar do relacionamento como um todo, pai e mãe estarão cuidando de toda a família”, explica Cowan.
Pais e mães educam de forma diferente
Em um estudo realizado nos Estados Unidos, famílias de baixa renda foram separadas aleatoriamente em três grupos: um com pai e mãe, outro só com pai e um grupo de controle.

Os casais do grupo de controle participaram de apenas uma reunião, enquanto os outros grupos se encontraram por 16 semanas para discutir questões sobre a educação dos filhos.

Os pesquisadores descobriram que, nos grupos com mais sessões, os pais passaram mais tempo com seus filhos e se mostraram mais ativos na educação. Eles se envolveram mais na educação dos filhos, que ficaram menos agressivos ou deprimidos do que as crianças do grupo de controle.

Entretanto, as famílias no grupo com pais e mães se saíram melhor. Eles tiveram menos estresse no contato com os filhos e mais felicidade conjugal do que os outros pais estudados.

Isso sugere que a diferença não é o envolvimento maior dos pais na educação, mas um suporte emocional maior entre o casal.
Publicado em: 09/11/2009
 
FONTE: http://www.otempo.com.br/supernoticia/noticias/?IdNoticia=35908&busca=educa%E7%E3o&busca=educa%E7%E3o&busca=educa%E7%E3o

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