CUIDADO. QUEM INVESTE NESTA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DEVE OBSERVAR MUITOS DETALHES
Mestre em literaturas da PUC de Betim chama a atenção para os riscos de quem opta em se formar através de teleconferências, e-mails e correspondências
A estudante Marcela Garcia, 32, só conseguiu concluir o ensino superior depois que ingressou em uma faculdade que lhe oferecia o curso de administração pública à distância. Moradora de Betim, ela recebia os ensinamentos de professores e mestres de uma faculdade do Paraná. Hoje, ela se diz realizada profissionalmente e, depois de passar em um concurso público, atua em sua área. "Sempre trabalhei muito, mas nunca tive oportunidade financeira para fazer uma universidade. Decidi faze resse curso à distância. Apesar do preconceito, posso dizer que hoje me sinto realizada", diz.
Mas,tal exemplo, às vezes, é criticado por quem lida com a educação. "É sabido que não se pode ignorar a inevitabilidade do ensino à distância, pois é algo que veio para ficar. Não há como desmentir que, por um lado, ela anuncia transformações inevitáveis na educação superior, mas, por outro, mostra-se como um ovo-de serpente. O grande problema que vejo nesse tipo de programa é que normalmente não se promove uma discussão que seja capaz de problematizar como esse novo modelo pode dialogar com as transformações vivenciadas pela universidade hoje. Tais dificuldades, geralmente, criam riscos perigosos. Um bom exemplo é o empobrecimento da tecnologia,quese reduz miseravelmente a um propósito instrumental no momento em que se massifica o processo de ensino/aprendizagem em nome de uma suposta democratização à revelia da necessária discussão sobre a possibilidade de conceber um sistema científico complexo via ensino à distância", explica Marli Maria Mendes, doutora em literaturas da PUC.
Para ela, a tecnologia, nessecaso, pode prestar-se ao falseamento do ensino no momento em que, justificada por uma intenção democrática, permite acesso ao espaço acadêmico de forma demagógica e enganosa.
O que está acontecendo em muitos projetos virtuais podeser classificado como democratização ou degradação do ensino? Diante desses questionamentos acho que deixei clara a minha suspeita em relação ao ensino à distância: "não estou querendo dizer com isso que tenho alguma coisa contra a tecnologia. O problema é como usar essas ferramentas a favor do conhecimento científico".
MUNICÍPIO. FACULDADE OFERECE CURSOS HÁ QUATRO ANOS
Preconceito foi vencido coma qualidade do serviçoDesde 2006, quando o Ministério da educação passou a acompanhar mais de perto o desenvolvimento do ensino à distâncianopaís, essa modalidade não para de crescer. Somente naquele ano, o governo havia registrado um crescimento de 571% no número de cursos e uma ampliação de 315%nas matrículas.
Em 2005, os alunos de cursos à distância representavam 2,6% do universo dos estudantes. Já em 2008, essa participação chegou a quase 10%, de acordo com o levantamento do Censo da Educação Superior. Ele atualiza anualmente as informações da educação superior sobre número de instituições, cursos, matrículas, vagas, inscritos, ingressos, concluintes, docentes e pessoal técnico administrativo. Traz também dados discriminados por turno (diurno e noturno) e de acordo com a localização das instituições (no interior ou nas capitais).
Vantagem
Segundo o diretor geral da Universidade Nortedo Paraná (Unopar), José Pinto de Melo, a instituição é pioneira no ensino à distância dentro do município. "Já temos quatro anos de história, formando alunos para curso superior com uma tecnologia superavançada. Os alunos não têm dificuldade para inserção no mercado".
Para José Pinto, o ensino à distância é uma vantagem para o país, já que consegue oferecer cursos superiores a quem, por falta de tempo, não conseguiria se formar.
"No início, a gentee nfrentava muito preconceito, mas, com o passar dos tempos e com a comprovação da qualidade de nossos serviços, isso está ficando para trás", relata José Pinto.
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